É sempre no passado aquele orgasmo,
é sempre no presente aquele duplo,
é sempre no futuro aquele pânico.
é sempre no presente aquele duplo,
é sempre no futuro aquele pânico.
É sempre no meu peito aquela garra.
É sempre no meu tédio aquele aceno.
É sempre no meu sono aquela guerra.
É sempre no meu tédio aquele aceno.
É sempre no meu sono aquela guerra.
É sempre no meu trato o amplo distrato.
Sempre na minha firma a antiga fúria.
Sempre no mesmo engano outro retrato.
Sempre na minha firma a antiga fúria.
Sempre no mesmo engano outro retrato.
É sempre nos meus pulos o limite.
É sempre nos meus lábios a estampilha.
É sempre no meu não aquele trauma.
É sempre nos meus lábios a estampilha.
É sempre no meu não aquele trauma.
Sempre no meu amor a noite rompe.
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência.
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência.
Carlos Drummond de Andrade
É sempre presente quanto se fala.
ResponderExcluirSeja quando falamos do próprio presente, esse tal "agora" que nos prende ao tempo e às horas, maratonistas cúmplices do nosso envelhecimento. Anciosos pela nossa morte. Irrevogáveis.
Ou Seja quando recitamos o passado, ou prevemos o futuro. Numa adivinhação esfomeada de possibilidades, apoiada numa curiosidade que não queremos matar. Caso contrário, vamos matar a nós mesmos, suicidas do tempo.
Fica claro que é redundante falar do presente. Uma completa perda de tempo. É não aproveitar a vida, mas gastá-la. Aliar-se ao tempo, cultivar horas e se aproximar da morte.
Certo é falar não do Presente. Passado ou Futuro.
Mas do Perene. Aquilo que nos marca e lembra. Aquele que é aquele e só. Quem guardamos no nosso presente, presente que já foi futuro e é agora passado.
Por que se esse alguém se for...
Foi-se embora seu presente. Seu futuro jão não foi mais presente. Não existe mais. E teu presente agora passado, passou.
Chega então uma nova personagem, vestindo capuz negro e com uma foice na mão.
Não se preocupe com a foice. Acessório apenas.
Você sem futuro, passado ou presente viveu - ou vive - na sua não-existência eterna.
Boa sorte.