"NINGUÉM DERROTA A MORTE SEM MATAR-SE"

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A Toca do Coelho

"Quem, de três milênios,
Não é capaz de se dar conta
Vive na ignorância, na sombra,
À mercê dos dias, do tempo."

Goethe

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Embebedai-vos

“É preciso estar-se, sempre, bêbado.
Tudo está lá, eis a única questão.
Para não sentir o fardo do tempo que parte vossos ombros e verga-os para a terra,
é preciso embebedar-vos sem trégua.
Mas de quê?
De vinho, de poesia ou de virtude, a escolha é vossa.
Mas embebedai-vos.

E se, à vezes, sobre os degraus de um palácio,
sobre a grama verde de uma vala,
na solidão morna de vosso quarto,
vós vos acordardes,
a embriagues já diminuída ou desaparecida,
perguntai ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio,
a tudo o que passa, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai que horas são;
e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio, vos responderão:
“É hora de embebedar-vos! Para não serdes escravos martirizados do Tempo, embebedai-vos, embebedai-vos sem parar!
De vinho, de poesia ou de virtude: a escolha é vossa.”


Charles Baudelaire

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Política, Patética, Poética...

De colônia a Império
De império a República;
Da respública a Colônia
Da colônia ao Império...

Do Império
É a colônia,
Da Colônia,
A respública;
Da República,
A respública;
Do Império,
A  respública.

À República,
O império;
Ao Império,
A república;
A república,
A colônia;
A Colônia,
A respública;

Do Império,
A  respública.

Colônia, Império, República;
república, colônia, Império;
império, colônia, respública;
Império, respública.

nathalia colombo

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Soneto de Fidelidade (Um clássico maravilhoso.)

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


Vinícius de Moraes

sábado, 25 de setembro de 2010

E se ?

E se não fosse este rosto
A visitar tua insônia;
E se não fosse esta pele
A desejar em teus sonhos;
E se não fosse estas curvas
A seduzirem-te no caminhar;
E se não fosse este profundo olhar
A teus segredos revelar;


De quem ansiarias o amor?


E se não fosse esta cruel maturidade
Que te envolveu precocemente;
E se não fosse o ensejo da liberdade
A vigorar em tua mente;
E se não fosse a lua e as estrelas
Por mim e por tua voz;
E se não fosse o justo encaixe de peças
Que vige entre nós;


A quem ansiarias teu amor?


E se não fora por mim
Nem por ti
O que faz aqui,
Amor?

nathalia colombo

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Rabiola

E a tua coca-cola?
E não aquele de acerola?
E quanto a tua escola?
Aquela de gaiolas...
E quanto aquela bola?
Para a cria a quem enrrola...
E quanto aquela cola?
Sobre o jugo que o assola
E quanto a tua esmola?
Ao símio da marola...


E quanto ao sonho que decola?
A brincadeira de Carola?
O pensamento de Cartola?
Aquela vista da Orla?
Já sei.
Nem rola...

nathalia colombo

Poesia Fernanda

Do sorriso nascem estrelas
Da voz fala a flor
Da amiga, menina e mulher
Da vida, magia e cor

Abençoados os dias e dias
Em que a vida te testou
Te tornaram a mais linda das lindas
Seu pranto, de espanto, secou

Beleza morena encanta
Luz e simpatia do riso aberto
Poesia que é Fernanda
Felizes os que estão perto

Não menos que os mil sonhos
Sua mente brilhante demanda
Tornando-a ainda mais linda
Deixando a vida Fernanda


João Gomes de Miranda Júnior

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Eufemismos na Sociedade

Algumas vezes impressiono-me com a capacidade artística das pessoas. Por exemplo, os eufemismos. Nunca vi nenhum fenômeno lingüístico e teatral melhor e tantas vezes representado na sociedade. É um talento bruto, tão natural que, se aproveitado poderia render-nos bem mais do que a hipocrisia. 


Você está no velório de um amigo. Aliás,velório por si só é um puta de um ritual eufemístico espetacular! Continuando... Aquele climão, todos de óculos, disfarçando as lágrimas (ou a ausência delas) e, aquela senhorinha carpideira chega pra mãe do defunto e manda " Ah, meu anjo. Ele foi desta para  uma melhor". Não sei quanto a vocês, mas eu tenho vontade de pegar a velha e mandá-la, então, para "uma melhor". Ou, você, certamente mais educado que eu, poderia dizer " A senhora gostaria de ir pra lá, também? ". Porra! Não tem como ajudar, fica quieto! Não sabe brincar, não brinca!


Comissão Perlamentar de Inquérito. CPI é o que eu chamo de "a Disney dos eufemismos". Poderia até haver um parque temático homenageando os caras e as operações que já figuraram neste patético cenário. Imagina só que adrenalina : Montanha-Russa: O MENSALÃO! Bicho, me dá frio na barriga só de pensar nos loopings e curvas hiperadicais. Ou um trem fantasma: VAMPIROS E SANGUESSUGAS! Fala sério! Adrenalina pura! Só, é preciso deixar a carteira com uma tia confiável, né? Pois...nunca se sabe....
Mas, voltando à CPI. Quem nunca assistiu a um "Vossa excelência está faltando com a verdade." Essa é tão clássica que vou eximir-me de qualquer comentário à respeito. E um "Nesta casa, nunca se viu tamanha ausência de clareza..." ou "... a educação é muito importante para o nosso país..."


Aparência. Comentários sobre a aparência das pessoas é um paraíso para os eufemismos. Nariz avantajado, lábios super salientes, olhos expressivos, etc... É tudo pra você aceitar a crítica mais conformado pela sua nareba enorme, sua beiça gigante e seus olhos esbugalhados. No trabalho, aquela colega que você tá querendo passar o rodo a mó tempão, faz um comentário prá lá de sugestivo "Preciso emagrecer, né? " Você, dando uma de que nem notou aqueles peitões, manda " Imagina! Você está muito bem". Amiga, se você já recebeu uma dessas, pode ficar satisfeita com a sua forma. Agora, se a resposta foi "Eu também, preciso fazer as pazes com a balança" ou "...estou um pouco acima do peso..." Hum...Já entendeu, né?


Poderíamos passar horas discutindo sobre como os eufemismos estão presentes em nosso cotidiano. Mas, honestamente, minha criatividade tem limite e vocês também não leriam um texto tão longo. Então, vou encerrar com o que, para mim, é o campeão. Existem similares na vida adulta entretanto, sua forma mais traumática ocorre muito na infância. Você foi chamado ao colégio para uma reunião de pais para falar de Zequinha, aquele anjo de criança e escuta "Seu filho está sendo convidado a se retirar do colégio. ". Cacete! Gerúndio + eufemismo? AH! VÁ!... plantar batatas.


nathalia colombo

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Poema de Criança

Bolsas cheias de afazeres
E pensamentos ansiosos 
E corações pesados
E olhares furiosos.


Semblantes carregados;
De passados recalcados;
De futuros dilatados;
De sonhos almejados.


E assim a mim sorri;
Ilusão de um placebo
Tratando-me de bobo,
E pensa que não percebo.

nathalia colombo

terça-feira, 14 de setembro de 2010

UFRJ Mar

Caros, queridos.

Estarei ausente do blog até sexta-feira em Cabo Frio pelo UFRJ Mar.
Portanto, para que não se sintam abandonados por mim seguem abaixo 2 links:

O primeiro é do blog do meu querido amigo mestre Eduardo Tornaghi. Um ser humano
magnífico, grande ator e poeta.
http://papopoetico.blogspot.com/

O segundo refere-se ao um vídeo deste mesmo blog que muito me emocionou, por transmitir
de maneira doce a idéia fundamental de qualquer arte e/ou expressão. Por isso, quero compartilhar
com vocês.
http://www.youtube.com/watch?v=YcGyyRnFj-U&feature=player_embedded#!

Apreciem com moderação.
Bjim e boa semana!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Vida, Amor e Ressonância

De tudo o que há
Há algo em ti
De tudo o que jaz
Ressurge aqui;


Na vida 
O amor existe,
Em vós, 
Resiste
Pela ressonância ao
Pensar, sorrir
Sonhar e brincar 
Sois
O que não viste;


Tudo o que vibra
Ressoa a tua alma
Na mesma freqüência
De uma salva de palmas;


A vela, o vento alcança
Na onda, a prancha dança
No jogo, o bicho lança
E na fuga, não descansa


Ah!
Mas ainda a Ressonância
Há de entender,o Ser Humano 
Naquela justa freqüência
Que o faz viver insano!

nathalia colombo

sábado, 11 de setembro de 2010

Fernando Pessoa

Ao longe, ao luar,
No rio uma vela
Serena a passar,
Que é que me revela?

Não sei, mas meu ser
Tornou-se-me estranho,
E eu sonho sem ver
Os sonhos que tenho.

Que angústia me enlaça?
Que amor não se explica?
É a vela que passa
Na noite que fica.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

"Eu, eu mesmo e Ele"

Fale agora! 
Ou cala-te para sempre!


Pensas que a todo
Vê-se alguém disposto
A ceder-te a voz?


Sim, pois
Inventaram tua existência
Ignorando teu gênese eterno
E sua autêntica essência;
Que é humana, sangue
Vísceras e coração...


Vamos! Seja eloqüente!
Que teu clamor alcanse
Os confins das 
Escuridades Emotivas
Dos justos que
Desistiram de crê-lo.
E apazigue cada 
Alma ansiosa
Por teu deleite.


Ora, minha
Divina inspiração,
Não te furtes essa idéia
De mostrar tua verdadeira face,
Que nada tem 
com os que
Moldaram tuas performances em
Épicas histórias
Restringindo tua ação
A breguissse dos belos romances.


Pois venha agora!
Apodere-se de mim e
Olha nos olhos e diz:
" Não mas engenharão
Leis a meu respeito! 
Regras de conduta?
Banidas!
Cegos Idiotas!
Não sou exclusivo!
Nem do sacro ou
Da luxúria,
Não habito o céu
tampouco o inferno!
Não mato e não morro!
Não juro e não pago!
Não é árduo conhecer-me,
Sois minha morada!
Não me busque em estandes
De dispendiosos bens 
materias...
Se ouvires a ti, a mim escutarás
Se sentires a ti , a mim sentirás
Se olhar a ti, a mim enxergarás...


Quem não me conhece, que me compre!
E pague um preço bem alto
Para degustar uma amostra gratuita
Do que sou, do que sois...
E sempre seremos somente Amor."

nathalia colombo

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Mestres e Alunos - Alocução a meninos

É tarefa essencial do professor despertar a alegria de
trabalhar e de conhecer. Caros meninos, como estou
feliz por vê-los hoje diante de mim, juventude alegre 
de um país ensolarado e fecundo.


Pensem que todas as maravilhas, objetos de seus estudos
são a obra de muitas gerações, uma obra coletiva que exige
de todos um esforço entusiasta e um labor difícil e impreterível.
Tudo isto, nas mãos de vocês, se torna uma herança. Vocês
a recebem, respeitam-na, aumentam-na e, mais tarde, irão
transmiti-la fielmente à sua descendência. Deste modo, somos
mortais imortais, porque criamos juntos obras que nos 
sobrevivem.


Se refletirem seriamente sobre isto, encontrarão um sentido
para a vida e para seu progresso. E o julgamento que fizerem
sobre os outros homens e as outras épocas, será mais verdadeiro.


Albert Einstein - "Como vejo o Mundo"

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Entre Flores e Espinhos

Ao receber uma flor
Pequena flor, em devoção;
Foi levada pelas cores
Furta cor, outra dimensão.


Ao prestar-lhe homenagem
Bela flor, submissão;
Quedou-se confiante
Eterno sim fugindo ao não.


Ao ovacioná-la, em público
Lindas flores, emoção;
Logrou versos a despi-la
De seus brios em canção.


Ao adentrar seu santuário
Um jardim de sedução
Inflou-se num mar etéreo
Inflamou seu coração.


Ao não, ninguém e mais nada
Lembrou-se dos espinhos
Da flor que trouxera
A Cólera ao seu caminho.


Fez-te sorrir 
Pelo que vistes
E sonhar
O que nem ouvistes;


Assentou-te no mais , do vão;
Que encanto por enquanto
Não é mais que ilusão.


E ainda assim prossegue
Rumo à eternidade
Em busca de flores, liras, acordes
E Contos de Vaidade.


nathalia colombo

sábado, 4 de setembro de 2010

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.



E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.



E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.


Fernando Pessoa

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O Amor de Eugênia

Já eram incontáveis os seus fios brancos
Contrastando a colorida primavera
Num suspiro lento, num passo manco
A serenidade no sorriso a espera.

E agora tendo passado tanto tempo
Não mais importa o que ele lhe traz
Não pesam rugas, e a ausência de alento
Somente a riqueza da quimera e paz.

E, não feito esperado por nenhum ensejo   
Apreciado o amor de todos os abraços
Não tendo sofrido o anseio da eternidade

Ela canta e sorri além dos muros de aço
Com semblante de luz da verdade
Vivi o meu amor, em todo o meu desejo.

nathalia colombo

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Certas Coisas

Não existiria som
Se não houvesse o silêncio
Não haveria luz
Se não fosse a escuridão
A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim...
Cada voz que canta o amor não diz
Tudo o que quer dizer,
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração.
Silenciosamente eu te falo com paixão...
Eu te amo calado,
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz.
Nós somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e som,
Tem certas coisas que eu não sei dizer...
A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim...
Cada voz que canta o amor não diz
Tudo o que quer dizer,
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração.
Silenciosamente eu te falo com paixão...
Eu te amo calado,
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz,
Nós somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e som,
Tem certas coisas que eu não sei dizer...
Lulu Santos/ Nelson Motta