Hoje entrei no Facebook e havia atualizações de uma amiga que não vejo há quase dez anos. Senti o desejo de saber como anda sua vida, o que tem feito, por onde tem andado... Vi algumas fotos dentre umas trezentas. Festas, formaturas, casamentos, crianças, encontrões, viagens...
Lembro-me da época em que estudávamos juntas. Lembro-me da época em que tínhamos tanto em comum. Eu nunca pertenci a grupo nenhum. Nunca fui de nenhum núcleo ou panelinha por muito tempo. Não sei porque. Era certo que cedo ou tarde eu trocaria de grupo. Visitaria outros, de uma forma bem nômade mesmo. E chegava no próximo como se conhecesse todos há milênios. Eles me enjoavam, era uma questão de tempo. Não demorava muito pra entender intuitivamente a psique daquele ensaio e ir embora, começar de novo, outro bando.
Vendo as fotos da minha amiga, reencontrei pessoas que eu nem lembrava que haviam passado pela minha vida. Foi bom vê-los. Seus rostinhos um pouco mais amadurecidos, se abraçando, curtindo essa amizade longeva, em ritos festivos periódicos. E mais uma vez me enjoei. Até caí por um instante na armadilha do arrependimento e da culpa de não ter cultivado, me integrado mais a eles. Mas logo vi que eu não poderia. São boa gente, mas não poderia estar com eles sem olhar o relógio e contar os segundos para ir embora, sem ouvir seus dilemas existências rasos e não me entediar, sem sentir náuseas ao posar para fotografias ensaiadas. Eu não poderia. Não pude. Não posso.
Mas, isso é um problema meu. Isolamento e tal, isso é meu. O lance, é que eu achava, eu realmente acreditava que essa galera, meus colegas de bando, tinham autenticidade, personalidade, tinham voz. Diferente de mim, que ironicamente, sempre me mesclei desde as patricinhas até os grunges. Embora eu não me interesse pelas suas vidas, é um pouco frustrante ver como tudo terminou. Sim. Eles não sabem, mas terminou. Terminou tudo numa grande e imensurável manada.
Nathalia Colón
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