Todo verso nasce livre como capim
Vaso raso quebrado
Palavra de grosso calibre
Na Europa ou no caribe
Em Bagdá ou em Bombaim
Na Sibéria ou no Mississipi
A palavra corre ao vento no leito do abismo sem fundo.
Venham, palavras
Fazer parte desse mundo!
Brancas, negras, verdes, amarelas,
Penetras, peraltas, esquálidas, banguelas,
Eu vos saúdo palavras minhas, como filhas prediletas
Crescei e multiplicai-vos em outras palavras,
Até que voltem a ser o gesto raro, milimetricamente lírico
Batendo como um raio de sol na cabeça de cada casa
Em qualquer bairro,
Na favela ou na elite
Que a palavra grite no ar como um luar de brinquedo
Dissipando a escuridão.
Que cada homem ou mulher tome conta de seus medos
No vôo cego da solidão.
Que as rimas em ão bem como os trocadilhos infames,
Sejam abs(olvidos lá em cima, pela grande luz que nos ofusca.
Que os poetas sejam livres para ousar e humildes para aprender
Que cada poema seja o manifesto dessa busca
Claufe Rodrigues
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