Que o Brasil é um país que pouco incentiva a cultura, o mundo todo sabe. Que as leis de incentivo são um mero instrumento de censura de manipulação de recursos, já estamos cansador de ouvir. Que a maioria dos editais de já tem destino certo e os patrocínios fazem parte de um jogo entre uma pequena parcela da classe artística, dã! Novidade...
Então, se você não é um afortunado, ou não faz parte de um nicho privilegiado, como se promove cultura neste país? E... por que?
Minha resposta: raça.
Segundo Maslow e sua Pirâmide da hierarquia de necessidades humanas, as artes ocupariam o último nível, "Realização Pessoal", sendo, portanto, a última das prioridades antropológicas. Depois de casa, comida, segurança e afetos, o último dos interesses na existência e na condição humana.
Não tenho a menor pretensão de desmentir um trabalho fundamental e tão sério, mas eu não sou a única que contesta, ao menos, o determinismo desta teoria. Eu mesma não a estudei por completo, mas me incomoda um pouco pensar que o sentido da nossa existência, esteja ligada quase que em sua totalidade, à sobrevivência, ao respirar, ao bater do coração, ao simples exercício saudável das funções fisiológicas. Tipo, viver para estar vivo e esperar a hora de morrer.
O que levaria então um homem a passar fome e não ter sequer onde morar, para poder pintar. Que impulso conduz uma pessoa a romper com toda a estabilidade que a vida pode lhe proporcionar em vista da possibilidade de fazer música. De onde vem esta força, visceral que inverte a pirâmide e presenteia a história de legados como de Van Gogh, Monet, Shakespeare, Francisco de Assis, Dostoiévski, entre muito outros.
Contraditoriamente a sociedade impele, mesmo por meio das dificuldades o surgimento das luzes de sua evolução. Os que abrem caminhos, expandem fronteiras e fazem a vida parecer ter um pouco de sentido são os que roem a realidade para nos conduzir ao ideal. São, segundo Roberto Freire, promutantes, dotados de um gene de uma raça bem específica. Homanóides que nascem precocemente, e andam por aí, invertendo pirâmides e conduzindo revoluções. Sua característica mais notável: a raça.
Dedico este despretensioso desabafo aos meus parceiros de cena. Gatos de raça, de rua, de vanguarda.
Valeu, Marquinho!
Valeu, João!
VALEU, GATARIA!