Os muito retos que me perdoem
Mas ser gauche é fundamental
É preciso que haja
Qualquer coisa de sol em tudo isso
Qualquer coisa de surf
Qualquer coisa de circo em tudo isso
Ou então
Que o homem aprenda a imprimir o
Arquétipo do “great pretender” como
Nos bailes dos anos cinqüenta
Não há meio termo possível
É preciso que isso tudo seja errante
É preciso que os ombros emerjam do tórax numa envergadura
Semelhante de uma ave
E que sustentem uma postura moral indomável lapidando
uma escultura que lembre não menos
que a avidez de uma vela mestra pronta para navegar com vento de través.
é preciso que a imagem das mãos delongue-se
para além do ante-braço, numa união tão contínua e insolúvel
cuja expectativa seja de um artefato habilidoso
tão minuciosamente forjado em vista de eventual emprego cirúrgico
e que exista em grande latifúndio dorsal
A pele deve ser seca nas mãos, nos braços,
no dorso e na face
Mas que as concavidades e proeminências sejam
úmidas, lúbricas
e no crescente da paixão permitam-se deslizar
rumo a horizontes improváveis
Sobremodo pertinente
É Que o homem não seja carente mas
Caliente
Que haja um canto delirante nos olhos
em reviravoltas e devaneios de paixão
pernas semoventes quando do enlace pelas pontas pélvicas de anima
que nos ouça o inaudível canto da combustão
E que ele não lembre nunca um circo sem magia
E a que a virilidade não seja mais
que o reflexo mais atraente de seus mais óbvios temores
Gravíssimo, porém, é problema dos pelos
Um homem sem pelos é como um solo desmatado
Que ele venha, não surja
Que vá, não parta.
e que erre
erre durante sete dias
com a propriedade de um deus criador
e sem covardia
nos faça fiéis de sua fé errante e
beber do cálice sagrado da perdição
E que em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela
E mais perfeita de toda a criação
Inumerável.
Nathalia Colón